domingo, 19 de dezembro de 2010

Bullying: Famosos contam casos e indicam como detectar o problema

Grazi Massafera, atriz - “As meninas da escola onde eu estudava lá em Jacarezinho viviam me chamando de Olívia Palito, porque eu era muito magricela. Isso me chateava, é claro. Os apelidos maldosos eram muitos, não paravam por aí. Me chamavam de lumbriga também. Lembro que eu chorava tanto, me sentia diminuída perante elas. Eu cheguei a usar três calças jeans para parecer mais ‘encorpadinha’ [risos]. Eu, aliás, fui uma das últimas das meninas da turma a ter peitinho. Então, era o alvo das meninas para todos os tipos de implicâncias nesse sentido. Eu nem sabia que, naquela época, isso já seria bullying.”







Fabiana Karla, atriz -  "Criança é bem cruel às vezes, não é? Quando pequena, em Recife, todos na escola me chamavam de todos aqueles apelidos já previsíveis que dão aos gordinhos. Eu já estava até acostumada e ficava magoada, é claro. Mas como eu sempre fui muito bem humorada, eu tantava levar tudo na brincadeira e fazia piada de mim mesma. Então, os colegas acabavam parando de implicar comigo. As pessoas viam que não me atingiam, que eu não ligava mesmo. Eu sempre me dava bem com a galera do fundão da classe. Me lembro que eu tocava na banda da escola e também fazia aulas de basquete, ou seja, era bem enturmada".
"Mas não é o mesmo que vinha acontecendo com minha filha Laura, de 12 anos, que sofreu bullying na escola. Ela também é gordinha. E, com isso, ela chegou a ponto de não querer mais estudar. Aí eu tive de intervir. Entrei no perfil de um site de relacionamento que ela usa e fiquei abismada com tudo que vi lá escrito por um menino da sala dela. Mas a Laura tem uma base familiar bem legal que a deixa segura. Levei o caso para a diretoria da escola com o objetivo que isso não prejudicasse o desenvolvimento cognitivo e auto-estima dela, o que acabou servindo de alerta também para própria escola."


Babi Xavier, atriz - “Já lidei com bullying quando, com uns nove anos, eu morava em um prédio com mais de 70 apartamentos, em Niterói. Éramos um grupo de oito meninas, fora os meninos, e eu era uma das mais novas. Lidava com meninas de 12, 13 anos, na fase de nossas auto-afirmações. Lembro-me de uma menina que me usava para entrar no clube onde eu era sócia, na época. Ela ficava toda ‘gente boa’ comigo por uns dias, pedia para ir comigo e, depois de passar na catraca, falava pra eu esquecê-la, que eu era uma boba  e sumia! Quando queria ir de novo pegar sol, ficava toda amiguinha novamente... Mas um dia quase me afogou na piscina grande, que não dava pé para mim, com suas brincadeiras idiotas de mostrar ‘quem é que mandava’. Engoli muita água nesse dia e nunca me esqueci da sensação de não conseguir me livrar por aqueles instantes."
"Essa mesma menina liderava as outras na hora das maldades, das ‘lições de moral’ na cara, foras com dedo em riste, humilhações do tipo ‘você é burra, é metida, é fraca, é filhinha da mamãe’... Até de ‘riquinha’ eu era chamada naquele prédio de classe média-baixa e isso porque a minha mãe era caprichosa e nossa casa estava sempre limpa e arrumadinha. Cascudos, tapas nos braços, nas costas, empurrões, gritos na cara, palavrões... Tudo isso acontecia se eu quisesse me juntar a elas e participar dos jogos ou se eu chamasse a atenção de algum menino que fosse do interesse delas. Curioso é que eu nunca contei isso para os meus pais. A gente acha que o que está acontecendo é por culpa da gente não saber se comportar no grupo. Ficamos tentando o tempo todo acertar e agradar para não sofrer mais o bullying e isso só nos faz crescer uma insegurança imensa por dentro. Quem maltrata não se lembra, já quem é maltratado..."
"Dias desses, eu encontrei com uma delas em um shopping aqui no Rio. Ela me viu, veio falar comigo como se fossemos amigas íntimas, de infância e, novamente, logo me veio aquela sensação de perigo e desconforto, de mal estar mesmo. Foi horrível! É impressionante como ela não tem noção do que me causa, ainda hoje, com aquelas lembranças ruins da infância. Eu tinha medo dela, essa era a verdade. Pouquíssimas vezes eu reagia, mas minha argumentação vinha sempre bem depois e em voz baixa, afinal, ficar calada e subir para o meu quarto acabava com o problema mais rápido. Era só tentar esquecer. Eu jamais pratiquei o bullying contra alguém. É uma questão de índole, de caráter, de exemplo em casa. Se me desentendesse com alguém no colégio, por exemplo, chamava a pessoa no canto e resolvia na conversa.”

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